Informação sobre as funções das vitaminas, assim como as suas fontes nos alimentos, referindo as suas qualidades e os riscos associados ao seu défice ou excesso. Abordamos todas as vitaminas, vitamina A, vitamina C, vitamina D, vitamina E, vitamina K, vitamina B1, vitamina B2, vitamina B3, vitamina B5, vitamina B6, vitamina B7, vitamina B9, e vitamina B12.

Dados históricos relativos ao estudo das vitaminas

No início do séc. XVIII já eram conhecidos os efeitos e o próprio escorbuto na vida dos marinheiros de longas viagens. Nesta altura o escorbuto já era combatido com frutos, porém, o limão era o que tinha mais destaque como anti-escorbútico. A reprodução desta doença em cobaias foi efectuada por Holst e Fröhlich onde se concluiu que o factor anti-escorbútico é incapaz de evitar o beribéri. Portanto, este factor mostrava-se nitidamente distinto do factor anti-beribérico. Ao princípio activo hidrossolúvel anti-escorbútico foi chamado vitamina C.
Em 1848 Bennet empregou óleo de fígado de bacalhau como anti raquitismo, chegando-se à conclusão de que este conteria o chamado factor A do qual se concluiu ter um efeito anti-raquítico e ser capaz de combater a xeroftalmia (doença ocular).
Por volta de 1880 em Basileia no laboratório de Bunge provou-se ser insuficiente a ingestão de proteínas, hidratos de carbono e gorduras para a reprodução e sustentação da vida normal em animais (ratos).
Em 1884 relativamente paralelo ao acontecimento no laboratório de Bunge em Basileia já Japoneses tinham observado que nos seus navios o beribéri desaparecia quando estes adicionaram à alimentação dos marinheiros cevada ou quando se substituía o arroz branco por arroz mal descorticado (aquele a que chamamos hoje de arroz integral).
Em 1896 Eijkam, médico holandês elaborou na ilha de Java experiências que conduziram ao conhecimento das substâncias a que chamamos hoje de vitaminas.
Observou este homem que as aves de cativeiro de um estabelecimento prisional adoeciam com sintomas parecidos com os da beribéri humana (comum no extremooriente) devido a serem alimentadas com restos de comida compostos essencialmente de arroz. Brilhantemente Eijkam verificou que o farelo obtido no descasque deste cereal evitava as aves de adoecerem e recuperava as já doentes. Assim se verificou que o branqueamento do arroz o privava de um princípio anti-tóxico que existia apenas no farelo.
Em 1909 Stepp elaborou uma experiência com ratazanas, alimentado-as com uma mistura de álcool e éter que resultava num mau desenvolvimento dos animais originando a própria morte destes. Porém, quando a essa solução era adicionado um pouco de gema de ovos, os animais deixavam de ter qualquer problema. Chegando assim à conclusão de que o ovo continha substâncias solúveis nos dissolventes orgânicos, como as gorduras e insolúveis na água, exactamente o contrário do princípio observado nas observações de Eijkman.
Em 1910 Shiga com as suas experiências mostrou que a película de arroz curava não só a polinefrite das aves, como também o beribéri humano identificando e demonstrando assim as duas doenças.
Aproximadamente nos anos 1911/1912 procede-se a estudos de isolamento e identificação da substância anti-beriberica existente na película do arroz, convencendose de que se tratava dum composto químico da classe das aminas indispensáveis à vida, levando-o a baptizar com a junção das duas palavras latinas vita e amina o fruto desta junção, a palavra vitamina. Eijkman havia estudado os efeitos dessa substância, porém, Funk baptizara-a.
Funk em 1912 afirmava que o beribéri, o escorbuto, a pelagra e o raquitismo eram atribuídos a defeitos alimentares, afirmação esta mais tarde reforçada por vários autores da altura que defendiam a pelagra como exclusiva de uma carência resultante de uma pobre alimentação à base de milho.
Além do Beribéri, haviam outras doenças tais como o raquitismo e o escorbuto.
Hopkins influenciou a atenção dos investigadores devido a estas doenças afirmando a existência de mais de uma vitamina com o nome de factores acessórios da nutrição.
Mellanby em 1918 conseguiu reproduzir em ratazanas o raquitismo experimental e posteriormente Mc. Collum e Davis mostraram que esses animais precisam para o seu crescimento de dois factores existentes no leite, e na sua distinção caracterizaram um por factor A que é extraído da fracção gorda do leite e outro factor hidrossolúvel B que fica na fracção aquosa.
Em 1920 Emmet observou a levedura de cerveja chegando à conclusão de que esta submetida ao calor perdia a sua actividade antiberiberica, mas não deixava de assegurar o crescimento normal dos ratos (ratazanas). Essa propriedade convertida após o calor (termo-estável) combatia a pelagra. Assim dividiu-se o Factor B em vitamina B1 (termo-lábil ? antiberiberica) e vitamina B2 (termo estável ? factor PP). Mostrou-se assim que o factor preventivo da pelagra é a amida nicotínica e que existiam mais princípios B, de B3-B7.
Mc Collum em 1922 elaborou uma experiência em que mostrou que o óleo de fígado de bacalhau, submetido durante 12 a 20 horas à temperatura de 100ºc, sob uma corrente de ar, perde a sua qualidade de anti-raquítica, mas mantém o poder antixeroftálmico.
Assim desdobrou-se o factor A em 2 princípios activos: Vitamina A (antixeroftálmica) e vitamina D (anti-raquítica). Também neste ano Evans e Bishop mostraram que no óleo de gérmen de trigo encontra-se um factor de nome vitamina E, que em carência nas ratazanas provoca o aborto.
Durante anos a acção fisiológica e a constituição química destas 5 vitaminas eram conhecidas. Alguns anos mais tarde estabeleceu-se as fórmulas estruturais, procurou-se conhecer o modo de actividade destas vitaminas e reconheceu a existência de mais princípios activos (vitaminas).
Goldberger em 1924 havia mostrado que a levedura de cerveja e a carne fresca continham algo a que foi dado o nome de factor PP (vitamina) que curava a pelagra.
Voltando um pouco atrás para compreender uma nova fase neste progresso histórico. Wildiers (1901) deu o nome de “bios” ao Princípio Activo necessário ao desenvolvimento das leveduras que se encontra nos sucos das plantas. Em 1923 chegou-se à conclusão de que “bios” era constituído por vários factores dos quais se encontra o ácido pantoténico e a meso-inosite.
O interesse nesta temática aumentava de ano para ano e após a descoberta dos micróbios e a sua importância como causa de doenças graves, havia ressuscitado a tendência para simplificar e purificar os alimentos, mostrando-se que o estudo das vitaminas não está na direcção mais correcta.
A ideia primordial de os alimentos serem considerados somente como fornecedores de energia estava condenada, originando-se uma reformulação na alimentação mundial balanceando-se a importância conjunta quantitativa e qualitativa dos alimentos.
Nesta maratona pela auto-estrada do caminho certo descobriu-se entre as substâncias contidas nos alimentos essenciais os minerais (potássio, sódio, cálcio, magnésio, fósforo, etc) contida na história dos carneiros australianos que tinham uma doença misteriosa e mortal que foi resolvida com a pequena dose diária de 1mg de cobalto.
As matérias orgânicas indispensáveis não paravam de crescer, tínhamos agora as proteínas, as gorduras e os hidratos de carbono. Que compõem-se em ácidos orgânicos que actualmente são e dão origem aos aminoácidos indispensáveis na alimentação humana são: histidina, lisina, triptofana, fenilalanina, leucina, isoleucina, treonina, valina e metionina.
Hoje em dia o termo vitamina de nada tem a ver com a constituição química, ou com a função fisiológica, mas estes princípios activos ganharam a simpatia popular que as continuou a chamar de vitaminas. Vitamina actualmente quer dizer: “substância(s) orgânica(s) que os organismos não utilizam como matéria plástica ou termogénica, mas de que carecem indispensavelmente para a vida normal, embora em muito pequenas quantidades e que têm de receber com os alimentos por não saberem fabricá-las.”
Actualmente o emprego destas continua a ser doseado biologicamente em preparações, submetendo-se animais desvitaminados a este tipo de experiências de forma a sabermos as dosagens necessárias para fins preventivos e terapêuticos no caso de carências.
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